“Palmeiras selvagens” é uma obra fantástica do gênio existencialista do sul dos Estados Unidos, William Falkner, influenciador de outros grandes pensadores como Jean Paul Sartre.
O livro conta duas histórias que nunca se cruzam.
Em uma, um casal deixa tudo para trás – incluindo os cônjuges antigos, filhos e carreiras – para viver uma aventura, arrastados pelo desejo interior de uma vida intensa e arrojada, na qual tudo dá errado.
Na outra, um prisioneiro calmo e conformado, condenado perpetuamente a trabalhos forçados, se vê arrastado por uma enchente descomunal do rio Mississipi. Ao longo de vários dias ele luta desbravadamente para sobreviver, sem jamais pensar seriamente em fugir.
A vida, interior e exterior, é indômita, dura e selvagem. Falkner nos mostra como todos somos vítimas do que desejamos; ou, da realidade objetiva que nos cerca.
Haverá tranquilidade possível em meio ao caos de nossa natureza? O que, de fato, conseguimos controlar? Quais são nossas escolhas reais?
Diante da nossa fragilidade, contudo, o escritor nos mostra que se o que somos “deixar de ser, toda a lembrança deixará de existir”.
Só no resta suspirar e seguir…
É assim que o prisioneiro se vê imerso no terrível dilema; diante do frasco do suicídio falsamente libertador ele faz sua escolha: “entre a dor e o nada, escolherei a dor”.
Para Falkner a natureza humana não se esgota na dor. Mas, na dor compreendemos melhor o sentido absoluto de nossa existência.
A gente vive para lembrar.