A filiação partidária na democracia indireta em que vivemos ainda sofre muita resistência por parte dos cidadãos brasileiros.
A democracia é o modelo de estado e governo mais aclamado na nossa modernidade.
Também, pudera: as outras opções não convém, nem convencem.
Na sua origem, na Grécia antiga, a democracia era desempenhada por cidadãos de forma direta – deixemos o problema notório da divisão estamental da sociedade grega para outra oportunidade.
Eles se reuniam em suas pólis e deliberavam. Sem a necessidade de intermediários.
Mesmo na Roma antiga, em sua fase republicana, os cidadãos romanos votavam diretamente nas leis.
Pelo mesmo caminho eles votavam e elegiam cada um dos funcionários públicos da cidade.
Nesse período, havia tantas assembleias em funcionamento simultâneo na cidade que nenhum cidadão, patrício ou plebeu, ignorava ou se afastava dos debates políticos.
O tempo passou, as cidades e suas populações cresceram vertiginosamente.
Construímos sociedades e relação sociais altamente complexas.
Nas sociedades modernas a organização política precisou se desdobrar para se constituir em regimes de governo e formas de estado que dessem conta de toda essa complexidade.
Uma primeira solução, em comparação às sociedades antigas, foi criar assembleias de representantes – afinal, seria quase impossível fazer com que 150 milhões de cidadãos eleitores votassem diretamente nas leis de seus municípios, estados e governos centrais.
Daí que a própria organização do poder político acabou absorvida num emaranhado de regras, cargos, atribuições e procedimentos para eleger um representante do povo.
Mas essa complexidade burocrática afastou você, eu, nós, cidadãos comuns, sem pretensões políticas eleitorais, da formação e do próprio ambiente de decisões do poder público.
Nesse contexto, participar da vida pública e das decisões políticas não é fácil.
A forma mais efetiva de fazer isso é ingressar na vida partidária.
Filiar-se a um partido político não significa antecipar pretensões eleitorais individuais.
A mediação proporcionada pelos partidos políticos com os agentes públicos políticos é a forma mais direta e rápida de o corpo social interagir com seus representantes eleitos.
Mas, para ser eficiente, precisamos desempenhar essa atividade partidária regularmente.
Uma cidadania efetiva depende de práticas regulares de participação.
Precisamos inserir essa rotina em nossa vida, assim como fazemos quando queremos adotar um hábito saudável – como, por exemplo, ao decidirmos fazer exercícios físicos diários ou começar uma dieta.
O jeito mais prático de exercer sua cidadania e aumentar as suas chances de promover um impacto real e efetivo no sistema político é, sem dúvida, achar um partido para chamar de seu.
Cassio Esteves Vidal
Advogado eleitoral
@cassiovidal.adv