Brutalidade e redenção
O jodo The Last of Us 2 é uma obra de arte. É um game que chegou na literatura.
A jornada de Ellie e Abby em busca de vingança é uma representação das enormes contradições que nos movem.
O jogo é extremamente violento e chega a ser torturante para o jogador. Não são poucos os momentos em que você pensa em parar de tomar decisões. Você simplesmente não quer que as coisas aconteçam. É como na vida: muitas vezes, a gente se vê obrigado a ir em frente, mesmo sem querer.
As duas meninas-heroínas perderam tudo e não sabem o que é o afeto sem dor e ódio.
Abby é mais madura, em certo momento até consegue abrir mão do ciclo de violência em que se move. Ellie não. Para ela, a vida sempre foi uma estrada duvidosa em direção a sonhos impossíveis que frequentemente a forçam a retomar sua caminhada de fúria e dor.
Em meio à essa selva humana a redenção pode estar fora de você (numa criança que você decide adotar ); ou dentro de você (uma última lembrança de amor que te liberta de seus próprios demônios).
Perfeição técnica
Apesar de todo o sofrimento das personagens (e do jogador!) o game é lindo e tecnicamente perfeito. São muitos os momentos repletos de beleza que te deixam emocionado (a visita da Ellie e do Joel ao museu é incrível!).
Também há muita música (algumas originais) e dramas contemporâneos essenciais (o amor entre a Ellie e a Dina foi alvo de ataques na internet, assim como a adoção de Lev, uma criança transsexual, pela Abby).
A realidade inescapável dos afetos destruídos
Meus filhos Alice (12) e Tomás (10) assistiram os momentos finais do game comigo. Foi bem difícil pra eles. Em certo momento, já muito aflito, o Tomás soltou algo assim: por que elas não sentam e conversam?
Minha resposta foi: filho, só se dispõe a resolver seus problemas na conversa quem entende o que significa respeito e confiança. Cercados de amor e carinho, vocês estão sendo educados para esse tipo de relação com os outros. Mas, quando as pessoas vivem uma realidade em que a brutalidade define a sobrevivência o diálogo não é uma opção.
The Last of Us 2 acerta na mira aos nos questionar: quanta destruição suportaremos enquanto desprezamos o poder do entendimento e do diálogo em meio à brutalidade deste mundo?
#thelastofus2